A outra vida I


Nesta longa noite de silêncio viajei por lugares tão estranhos quanto belos...

A cama de ferro e o meu corpo, transportados como se fossem leves, para uma pequena ampliação do escritório sobre a rua, foram o meu tapete voador. Uma violenta tempestade de ventos e de mar agitado transportou-nos (sem que me desse conta pois dormia) da rua onde vivia até uma estreita viela no bairro de um castelo. Fui acordada por alguém que batia energicamente na porta do meu invólucro, que simplesmente pretendia passar... Pousámos, entalados na viela, impedindo uns de saírem ou entrarem na própria casa e outros de percorrerem a rua.

























João Serra, Mértola, 2010