Entroncamento, linha 6 Norte, destino Marvão – Beirã.
Hoje, dia 28 de Janeiro do ano 2011, os comboios de Portugal preparam-se para mais um luto…
E todos aqueles que ainda acreditavam numa saudável e profícua ligação entre os litorais e os interiores, acrescentarão dentro de poucos dias, no meu caso, hoje, mais um registo nostálgico e triste às listas imparáveis de patrimónios culturais que passam à história.
Parece que não estão reunidas as condições… Fala-se de contenção de custos! Duas viagens diárias, ou seja quatro, que ligam a urbanidade à ruralidade… Será muito? Faça-se uma mas não nenhuma!
Passaremos a ter que recorrer aos autocarros e boleias de automóvel que se alimentam à grande desse precioso líquido que conduziu o mundo ao impasse social e económico…
É durante a minha última viagem neste maravilhoso engenho, que ao longo dos últimos 13 anos me ligou à minha terra natal, Lisboa, e que não sendo eléctrico, poderia sê-lo - aí sim, tratar-se-ia de investimento a longo prazo para contenção de custos –, que escrevo estas palavras amarguradas, desalentadas, revoltadas.
A carruagem vai bem composta, não estando cheia. Trocam-se olhares cúmplices entre jovens, velhos, anónimos, rurais e novos rurais, urbanos desenganados. São 16 horas, de um dia igual aos outros e será para mim um dia inesquecível, que levarei comigo desta passagem…
O Rio Tejo olha-me assim uma última vez e eu olho-o de volta com a minha velha sony digital. O leito esvazia-se das águas que escorrem com pressa em direcção ao Mar. O “ridículo” Castelo de Almourol ergue-se do meio do caudal qual um D. Quixote esquecido. E casas que choram baixinho, umas, capelas sem culto, outras, regaços sem crianças. Outras, adoptadas pelas cegonhas que perderam o Sul, como ninhos deste minúsculo ninho estragado.
Santa Margarida que nos dê ordem! Pensam alguns que só vêem ao perto.
Canaviais despenteados escondem do meu olhar os velhos olivais abandonados, e um suave perfume a eucalipto chega-me pela porta aberta no apeadeiro. Estes lugares singulares por onde nunca mais o meu olhar correrá… Este embalar aconchegante que me faz escrever o que não voltarei a sentir. Como partes do corpo e da alma que me são arrancadas pouco a pouco.
Leve-me o Rio, enquanto ainda me movo e penso.
Eu saio aqui…
Hoje, dia 28 de Janeiro do ano 2011, os comboios de Portugal preparam-se para mais um luto…
E todos aqueles que ainda acreditavam numa saudável e profícua ligação entre os litorais e os interiores, acrescentarão dentro de poucos dias, no meu caso, hoje, mais um registo nostálgico e triste às listas imparáveis de patrimónios culturais que passam à história.
Parece que não estão reunidas as condições… Fala-se de contenção de custos! Duas viagens diárias, ou seja quatro, que ligam a urbanidade à ruralidade… Será muito? Faça-se uma mas não nenhuma!
Passaremos a ter que recorrer aos autocarros e boleias de automóvel que se alimentam à grande desse precioso líquido que conduziu o mundo ao impasse social e económico…
É durante a minha última viagem neste maravilhoso engenho, que ao longo dos últimos 13 anos me ligou à minha terra natal, Lisboa, e que não sendo eléctrico, poderia sê-lo - aí sim, tratar-se-ia de investimento a longo prazo para contenção de custos –, que escrevo estas palavras amarguradas, desalentadas, revoltadas.
A carruagem vai bem composta, não estando cheia. Trocam-se olhares cúmplices entre jovens, velhos, anónimos, rurais e novos rurais, urbanos desenganados. São 16 horas, de um dia igual aos outros e será para mim um dia inesquecível, que levarei comigo desta passagem…
O Rio Tejo olha-me assim uma última vez e eu olho-o de volta com a minha velha sony digital. O leito esvazia-se das águas que escorrem com pressa em direcção ao Mar. O “ridículo” Castelo de Almourol ergue-se do meio do caudal qual um D. Quixote esquecido. E casas que choram baixinho, umas, capelas sem culto, outras, regaços sem crianças. Outras, adoptadas pelas cegonhas que perderam o Sul, como ninhos deste minúsculo ninho estragado.
Santa Margarida que nos dê ordem! Pensam alguns que só vêem ao perto.
Canaviais despenteados escondem do meu olhar os velhos olivais abandonados, e um suave perfume a eucalipto chega-me pela porta aberta no apeadeiro. Estes lugares singulares por onde nunca mais o meu olhar correrá… Este embalar aconchegante que me faz escrever o que não voltarei a sentir. Como partes do corpo e da alma que me são arrancadas pouco a pouco.
Leve-me o Rio, enquanto ainda me movo e penso.
Eu saio aqui…