Paisagem



Os filhos no Universo

Imóvel


Quieta...No meu canto, onde não faço mal a ninguém...
Assim o espero...

Fala muda


Não falo mais. Sou incapaz. Se soubesse, escreveria sem palavras...
As palavras emaranham-se umas nas outras ao som das vozes que as proferem, como numa dança tensa, contida e incompleta.
Se conseguisse, faria apenas. Mas nem o corpo chega. Falta sempre a razão. Falta sempre a explicação. Falta sempre a compreensão. Falta sempre o para onde. Falta sempre o depois. Falta sempre…
Afinal o tempo não serve para nada. E se pensava que era no tempo que procurava a falta, pensava errado. Não há tempo.
O que há apenas é alguma coisa de indizível, indecifrável e tão suprema que nem nome tem para nós, as pessoas… Será isto?
É uma balança desequilibrada, esta que usamos com as palavras num prato e a metade de nós que é do outro, no outro prato. As palavras, com as razões que evocam, são tão pesadas que metade de nós nem morre, porque não vivia... Apenas se volatiliza e transforma-se em ar frio…


morada



"Habitamos uma casa quando a sombra dos nossos gestos fica, mesmo depois de fecharmos a porta."

Margarida Ferra

mar de terra




ora côncavo ora convexo
onde mergulhei e sinto a vertigem da profundidade


Corpo transpirado



Expelido lentamente...
À velocidade de um ciclo qualquer.
Evaporado...
Para voltar ao Mar numa chuvada torrencial.
Ou enxugado delicadamente
por um trapo velho deitado ao lixo, de saturado...

fábula

Desolação.
Corpo triste.
A minha ratazana morreu envenenada...